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No início do mês, a imprensa internacional repercutiu os resultados preliminares de um estudo que foi apresentado no congresso Nutrition 2019, organizado pela Sociedade Americana de Nutrição. A pesquisa, que ainda não foi publicada em revistas indexadas, relaciona o consumo de frutas e legumes à prevenção de mortes por doenças cardiovasculares. Apesar da dificuldade de esboçar uma opinião sobre o estudo sem analisá-lo em sua totalidade (study design, control for possible confounders), não podemos deixar de prestar atenção à teoria defendida pelos pesquisadores, segundo a qual mudanças nos hábitos de vida são parte fundamental na prevenção de doenças cardiovasculares.

De acordo com dados sobre o estudo, que foram divulgados em uma matéria da BBC, a falta de frutas resultou em quase 1,3 milhão de mortes por AVC e mais de 520 mil mortes por doença cardíaca coronária, em todo o mundo, no período da pesquisa. Junte-se a esses números as mortes atribuídas à baixa ingestão de legumes: 200 mil por AVC e mais de 800 mil por doenças cardíacas e temos um alerta mundial.

A pesquisa abrangeu 113 países (82% da população mundial) e cruzou dados mundiais do consumo de frutas e legumes em 2010. Os resultados preliminares mostraram que os benefícios da ingestão de frutas/legumes foram proporcionais à quantidade de frutas e legumes ingeridos. Quanto menor o consumo, maiores as taxas de mortalidade associadas a essas doenças. No Brasil, a baixa ingestão de frutas foi responsável por 17,4% das mortes por doenças cardiovasculares (13 mil pessoas) e o consumo inadequado de legumes por 7,5% (6 mil óbitos). A pesquisa concluiu que uma em cada sete mortes a nível global pode ser atribuída à baixa ingestão de frutas e uma em cada 12 mortes por doenças cardiovasculares estaria associada ao baixo consumo de legumes.

Especialistas indicam a necessidade de aumentar a disponibilidade desses alimentos, chamados de protetores, por serem fontes de fibra, potássio, magnésio, antioxidantes e fenólicos. Além de atuar reduzindo a pressão arterial, também melhoram a diversidade das bactérias do trato digestivo. Segundo o estudo, duas maçãs e três porções de cenoura por dia podem diminuir as chances de morte por ataque cardíaco ou AVC.

Esses dados apontam para a necessidade da comunidade médica e das agências de saúde considerarem a mudança na dieta como fator decisivo, associada aos esforços globais de fornecer calorias suficientes, suplementação vitamínica e redução de sal e açúcar, implementados para melhorar a saúde global.

Não vejo a hora de ler o estudo na íntegra, e você?

Um abraço,
Juliana Soares Linn

Fonte: BBC News – https://www.bbc.com/portuguese/geral-48583094[:]